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Além da cura: a vida das mulheres com câncer de mama em estágio avançado

O câncer de mama é um dos mais comuns entre as mulheres em idade reprodutiva, representando um desafio significativo para a saúde pública no Brasil e no mun...

Além da cura: a vida das mulheres com câncer de mama em estágio avançado
Além da cura: a vida das mulheres com câncer de mama em estágio avançado (Foto: Reprodução)

O câncer de mama é um dos mais comuns entre as mulheres em idade reprodutiva, representando um desafio significativo para a saúde pública no Brasil e no mundo. Receber o diagnóstico de um câncer é sempre um momento difícil. E, para quem descobre o câncer em um estágio avançado, o processo é ainda mais desafiador. Quando o câncer de mama é detectado precocemente tem uma alta taxa de cura, podendo chegar a cerca de 95%. O diagnóstico precoce, por meio de exame, é crucial para aumentar as chances de cura e diminuir a mortalidade, pois permite que o tratamento seja iniciado quando o tumor é pequeno e as chances de o câncer se espalhar são menores. Porém, quando ele é descoberto em estágio avançado, não é mais curável, mas sim tratável. A Otávia descobriu o câncer já em estágio avançado. Quando recebeu a notícia e ouviu a palavra metástase pensou que era o fim: Para muitas pessoas que não entendem, que não conhecem, que são leigas, como eu antes de receber o diagnóstico, a gente acha que metástase é o fim, é o fim da picada, porque espalhou, assim nenhum tratamento vai funcionar. Só que a gente tem visto com a medicina moderna que os tratamentos estão ficando cada vez personalizados, agora conseguem tratar a doença e fazer com que ela possa dormir por muito, muito tempo.” Outubro Rosa O câncer da Otávia é de estágio IV. O câncer de mama é caracterizado em diferentes estágios: 0 a IV, sendo o último o mais preocupante. Isso significa que nesta fase o câncer já pode ser encontrado em outras partes do corpo, também podendo ser chamado como câncer metastático. Os locais mais propícios a serem atingidos são o fígado, os ossos e o pulmão. No caso da Otávia, a doença já estava nos ossos. As estatísticas para esse estágio se concentram em metas de tratamento paliativo, alívio de sintomas e qualidade de vida, pois a cura completa é, atualmente, inviável. Mesmo que o câncer seja diagnosticado já em fase metastática, isso não precisa significar uma sentença para essa paciente, pois hoje em dia, com o avanço da ciência, há opções de tratamento para ajudar a conviver com a doença. “O seu tratamento agora vai ser como uma doença crônica, como quem toma a insulina, quem tem diabetes, tem que tratar o resto da vida, continuar sempre em tratamento. O câncer até some dos exames de imagem, mas ele continua ali, utilizamos o termo remissão do câncer, indicando que ele está sendo controlado.” A Otávia faz tratamento paliativo há 2 anos e 8 meses. Hoje ela utiliza a Hormonioterapia e Terapia Alvo. A primeira, age bloqueando os hormônios femininos, por não deixar que eles se manifestem no corpo dela, já que o câncer que ela tem apresenta receptores hormonais positivos, com isso ela não pode ter hormônio feminino. Já o segundo, a Terapia Alvo, é usada por via oral e age em um receptor celular alvo específico, é um remédio que age exatamente na célula-alvo cancerígena. Por isso, ela consegue manter o cabelo e a unha, porque não age em todas as células do corpo consideradas boas, somente nas células tumorais. Como a Otávia explica, o tratamento passa a focar no aumento do tempo de sobrevida global (tempo total vivendo com metástase de câncer de mama) ou livre de progressão (a quantidade de tempo que o câncer não cresceu ou avançou durante o tratamento) da paciente e na promoção de qualidade de vida. ”Eu creio que vai haver cura ainda durante a minha vida, mas para a medicina não há cura, há controle, a remissão, há muito que se viver mesmo sendo uma pessoa estando com câncer.” O médico pode se guiar por diversos fatores para montar um plano de ação, como as características das células, os outros locais que foram atingidos, quais sintomas a paciente pode estar sentindo, além de quais outros tratamentos de câncer de mama foram realizados anteriormente. É importante tirar todas as dúvidas com relação aos próximos passos com o médico e incluir a família e rede de apoio no processo. Não deixar de buscar informações e até mesmo grupos de apoio de pessoas que estão passando pela mesma situação. Ver a história de outras pessoas que passam pela mesma realidade é fortalecedor e pode ajudar a passar por esse processo de uma maneira melhor. Dra. Tatyene Nehrer de Oliveira CRM-MG 34.218